
Título original: L'Âge d'Or
Ano: 1929
País: França
Duração: 62 min.
Gênero: Surrealismo puro
Diretor: Luis Buñuel (Gran Casino, Os Esquecidos, Susana - Mulher Diabólica)
Trilha Sonora: Luis Buñuel, Georges Van Parys, Wolfgang Amadeus Mozart
Elenco: Gaston Modot, Lya Lys, Max Ernst, Josep Llorens Artigas, Lionel Salem, Germaine Noizet, Bonaventura Ibáñez, Caridad de Laberdesque, Jean Aurenche, Pancho Cossío
Às vezes tenho sonhos que não consigo classificar. São geralmente alegorias disformes, às vezes terrivelmente nítidas e outras completamente truncadas. Todas elas são, invariavelmente, marcadas pela incompletitude. Como se o objetivo pretendido jamais pudesse ser alcançado – e ele não o é, nunca – com o sonho/pesadelo terminando em suspenso e sem qualquer indício de consumação, pelo menos quando consigo me recordar deles.
Assistir a A Idade do Ouro é como ter um sonho desses. Buñuel é um diretor que conseguiu transferir para a tela essa sensação, que se assemelha à idéia de nossos pés estarem sempre envoltos em grilhões, de as escadas que temos que subir serem feitas de areia movediça, de que quanto mais força fazemos mais resistência encontramos. Não entendeu nada? E quem disse que é fácil colocar em palavras a atmosfera sufocante de um sonho febril?
O simbolismo e as metáforas deste filme podem ser dissecados, caso desejado. As imagens que se sucedem cena após cena, no entanto, possuem um ponto em comum que fica claro principalmente na agulhada final, uma paulada na religião que fez o filme ficar proibido nos Estados Unidos por praticamente 50 anos. Mais que um entretenimento, este volta a ser o caso em que o qualificador mais adequado para o filme é "experiência". A miríade de temas e sensações é enorme: religião, opressão, impotência, amor, ódio, desejo, luxúria, intolerância, medo, etc. E, independente do estado de espírito da platéia, é garantido que alguma reação forte está reservada a todos que o assistirem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário